Câmara do Porto quer despejar Es.Col.A

A promessa de suspensão do despejo do Es.Col.A revelou-se um logro. Politicamente forçada a dialogar com os ocupantes da antiga Escola Primária do Alto da Fontinha, a câmara municipal do Porto mais não quis do que anunciar que o despejo se mantinha, adiado por três meses. Despejo do Projecto de uma comunidade que, pelas suas mãos, recupera e desenvolve um equipamento público abandonado, transformando-o num centro de convívio e lazer, educação, discussão, pensamento, criação, transparência, entreajuda e liberdade do bairro para o bairro! Curiosamente, trata-se de um edifício tutelado por um pelouro que dá pelo nome de Conhecimento e Coesão Social. Parece absurdo mas é real.

O despejo anunciado levou o Es.Col.A redigir uma nova Carta Aberta, que podes ler AQUI. Assina a petição!

Na Fontinha não há rei nem rainha.
A história do Espaço Colectivo Autogestionado do Alto da Fontinha pelos próprios intervenientes.

Haverá melhor forma de destruir o tecido urbano e expulsar do seu Lugar a população autóctone com menos recursos e sem pleno conhecimento dos seus direitos do que encerrar infraestruturas locais, uma a uma, para, no seu lugar, construir equipamentos que em pouco ou nada criam vínculos com essa população, apenas com o resto da cidade? O desenraizamento precedido do abandono da autarquia pelo Lugar, ano após ano, leva à desagregação, desunião e fraqueza da população dos bairros. Para a opinião pública, através dos media, o município abana a cenoura de uma casa novinha em folha, construída para melhorar o bem estar do morador, só que em Marte, longe da mercearia onde cresceu e envelheceu, longe dos vizinhos que conheceu, sempre para outro local onde as mesmas políticas pretendem resultados semelhantes.

Okupação a solução

Tal como o rio naturalmente desagua no mar, uma presidência eleita pelo povo para gerir uma cidade em prol do seu bem estar, produto de quem ainda reconhece democracia na palavra Democracia, revela-se num terrorismo urbanístico que alastra do Aleixo à Fontinha. Perante a passividade da esmagadora maioria desse mesmo povo, fecha escolas, infantários, parques infantis, centros sociais, porque têm poucos alunos, porque o investimento não se justifica, porque o pensamento livre incomoda. Mas na Es.Col.A do Alto da Fontinha, em pleno centro do Porto, nunca faltaram alunos e professores de todas as idades a quebrar o isolamento, a reaprenderem a viver unidos numa comunidade horizontal e verdadeiramente justa.

Círculo de estudos artísticos

A luta pela Es.Col.A precisa da solidariedade de todos os que não dividem um povo em cidadãos de primeira e de segunda, os que, com o seu olhar sem fronteiras, percebem os interesses imobiliários que estão por detrás, justificados a bem de "receitas para uma cidade melhor", a bem da sua "internacionalização''. Chavões que ironicamente se aplicam à própria Es.Col.A, que se tornou internacional e é tida como um bom exemplo de vida e atitude comunitária, a cidade real e humana.Indignada com tudo isto, a CasaViva lança aqui o apelo à união, à divulgação, à participação, ao envolvimento e enriquecimento pessoal nesta experiência cujo futuro também depende do teu apoio! Porque é também aqui que se joga a possibilidade de, passo a passo, irmos construindo um mundo decente nos escombros do que vamos, no mesmo processo, tornando obsoleto. E porque, enfim, é já tarde para deixar bem claro que nenhum poder pode decretar o fim do sonho.

Mais info:
Libertários. Uma escola okupada no coração do Porto
Solidariedade com o EsColA
Entrevista com o Es.Col.A: Passa Palavra

Mais enquadramento:
Ocupar é urbanizar: sobre a Es.Col.A da Fontinha

Mais Es.Col.A por ordem cronológica:
Antiga escola da Fontinha e infantário João das Regras

Como a autarquia não reage, um grupo de pessoas resolve tratar deste equipamento público, restaurar o edifício e iniciar diversas actividades em conjunto com a comunidade do bairro da Fontinha.

Despejo depois de um mês de actividade
Reacções dos moradores
Entrevista após despejo
Entrevista sobre o Es.Col.A
Afinal a autarquia num jogo de má fé apenas adia despejo para Março
Carta Aberta 30.03.2012


Tantas casas abandonadas!
Como não vos darão casas, ocupem casas!

Tantos equipamentos públicos abandonados!
Como não vos darão equipamentos, ocupem equipamentos!

Se queres viver com dignidade, tens de saber resistir!
Se negociares com o poder, acabarás sempre enganado!