Solidários com Es.Col.A do Alto da Fontinha

Segundo o porto24 Câmara do Porto suspende, para já, o despejo indirectamente anunciado para o fim de Março. Despejo do Projecto de uma comunidade que, pelas suas mãos, recupera e desenvolve um equipamento público abandonado, transformando-o num centro de convívio e lazer, educação, discussão, pensamento, criação, transparência, entreajuda e liberdade do bairro para o bairro! Curiosamente, trata-se de um edifício tutelado por um pelouro que dá pelo nome de Conhecimento e Coesão Social. Parece absurdo mas é real.

Haverá melhor forma de destruir o tecido urbano e expulsar do seu Lugar a população autóctone com menos recursos e sem pleno conhecimento dos seus direitos do que encerrar infraestruturas locais, uma a uma, para, no seu lugar, construir equipamentos que em pouco ou nada criam vínculos com essa população, apenas com o resto da cidade? O desenraizamento precedido do abandono da autarquia pelo Lugar, ano após ano, leva à desagregação, desunião e fraqueza da população dos bairros. Para a opinião pública, através dos media, o município abana a cenoura de uma casa novinha em folha, construída para melhorar o bem estar do morador, só que em Marte, longe da mercearia onde cresceu e envelheceu, longe dos vizinhos que conheceu, sempre para outro local onde as mesmas políticas pretendem resultados semelhantes.

Tal como o rio naturalmente desagua no mar, uma presidência eleita pelo povo para gerir uma cidade em prol do seu bem estar, produto de quem ainda reconhece democracia na palavra Democracia, revela-se num terrorismo urbanístico que alastra do Aleixo à Fontinha. Perante a passividade da esmagadora maioria desse mesmo povo, fecha escolas, infantários, parques infantis, centros sociais, porque têm poucos alunos, porque o investimento não se justifica, porque o pensamento livre incomoda. Mas na Es.Col.A do Alto da Fontinha, em pleno centro do Porto, nunca faltaram alunos e professores de todas as idades a quebrar o isolamento, a reaprenderem a viver unidos numa comunidade horizontal e verdadeiramente justa.

A luta pela Es.Col.A precisa da solidariedade de todos os que não dividem um povo em cidadãos de primeira e de segunda, os que, com o seu olhar sem fronteiras, percebem os interesses imobiliários que estão por detrás, justificados a bem de "receitas para uma cidade melhor", a bem da sua "internacionalização''. Chavões que ironicamente se aplicam à própria Es.Col.A, que se tornou internacional e é tida como um bom exemplo de vida e atitude comunitária, a cidade real e humana.Indignada com tudo isto, a CasaViva lança aqui o apelo à união, à divulgação, à participação, ao envolvimento e enriquecimento pessoal nesta experiência cujo futuro também depende do teu apoio! Porque é também aqui que se joga a possibilidade de, passo a passo, irmos construindo um mundo decente nos escombros do que vamos, no mesmo processo, tornando obsoleto. E porque, enfim, é já tarde para deixar bem claro que nenhum poder pode decretar o fim do sonho.

Mais info:
Solidariedade com o EsColA

Mais enquadramento:
Ocupar é urbanizar: sobre a Es.Col.A da Fontinha

Mais Es.Col.A por ordem cronológica:
Despejo depois de um mês de actividade
Reacções dos moradores
Entrevista após despejo
Entrevista sobre o Es.Col.A

Es.Col.A da fontinha


Tempos de liberdade...
Oh Môre Baixa-me o Reiting!
Pablo Zucollo na Es.Col.A
Circolando levou Charanga à EsColA

Oficina de vídeo na Fontinha
Zé no santur

Canto de Intervenção na EsColA

União Fontinha (rap dos jovens do Bairro da Fontinha)


Liberdade ameaçada

Os tijolos da subversão

Carta Aberta da Es.Col.A

''Não se pode despejar uma ideia''



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