Jornalistas ignoram Javier Couso

Irmão de José Couso, repórter assassinado pelos EUA no Iraque, reclama justiça.
Fotos: Ursula Zangger















“Nesta sociedade vertiginosa em que vivemos, as notícias passam de moda e os mortos caducam.” Com esta acusação, o espanhol Javier Couso terminou a sua conferência na casaviva167, no dia 2 de Novembro, sobre a morte do seu irmão José Couso, repórter de imagem da Tele5, vítima do ataque das forças militares dos Estados Unidos ao Hotel Palestina, em Bagdad, em 2003.
Exactamente porque “as notícias passam de moda e os mortos caducam” nenhum jornalista compareceu na primeira conferência de Javier Couso em Portugal. Nem por solidariedade para com a família de um colega de profissão, que exige justiça relativamente à morte de um jornalista deliberadamente assassinado pelo exército norte-americano, numa tentativa clara de calar a imprensa independente, que à data fazia a cobertura noticiosa da ocupação de Bagdad.
No dia 8 de Abril de 2003, as forças militares dos EUA instaladas na capital iraquiana mataram outros dois jornalistas: o ucraniano Taras Protsyuk, da agência britânica Reuters, e o jordano Tareq Ayoub, da cadeia de televisão Al-Jazeera.
José Couso e Taras Protsyuk morrerem na sequência dos disparos de um tanque contra o Hotel Palestina, que feriram outros três jornalistas, e Tareq Ayoub morreu num ataque por míssil às instalações da televisão árabe.
















“O meu irmão não é mais importante do que os outros”, frisou Javier, após a projecção de um filme não censurado com imagens e testemunhos que denunciam a culpa do regimento de infantaria 3, do exército norte-americano, no ataque ao Hotel Palestina, nomeadamente o sargento Thomas Gibson, que efectuou o disparo, o capitão Philip Wolford, comandante da unidade, e o tenente-coronel Philip de Camp, comandante do regimento e que deu a ordem para disparar.
Sobre estes três militares foram emitidos, em Outubro de 2005, pelo juiz espanhol Santiago Pedraz, mandados inéditos de busca e captura internacional por crimes de guerra, após a queixa-crime movida pela família de José.
Mas cinco meses depois, em Março deste ano, a Audiencia Nacional espanhola arquivou a investigação, deixando sem efeito os anteriores mandados. Os familiares de José recorreram ao Supremo Tribunal espanhol. Apesar de Javier ter consciência de que vencer o caso é “muito difícil”, o processo ainda não terminou, nem tão pouco a luta por justiça das pessoas envolvidas na associação Hermanos, Amigos y Compañeros de José Couso (HAC-José Couso), criada após a sua morte. Nesse âmbito Javier desdobra-se em conferências pelos quatro cantos do mundo.

É necessário
não ficar indiferente à impunidade
com que o Governo norte-americano
comete crimes por todo o Globo!

Mais informação em http://www.josecouso.info/

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